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Você se sente improdutivo?
Já parou para pensar que pode ser apenas o seu corpo dando alertas de que precisa descansar? Aliás, o que é descanso para o seu cérebro? Se você pensou em um horário de almoço onde assiste seus influenciadores digitais preferidos, precisamos conversar. Existe um grande dilema que envolve trabalho, descanso, produtividade e dopamina. Quer saber se ele te afeta? Preste atenção nos cenários seguintes e veja se você se identifica.
O grupo que sente que precisa trabalhar mais
O Jornal Nacional publicou uma matéria no seu site oficial: “Um em cada quatro jovens brasileiros quer trabalhar mais, aponta IBGE”. Baseada nos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), temos ciência de que o desemprego entre os jovens diminuiu. Mas 24% dos que trabalham acreditam que poderiam trabalhar mais. De duas a uma, ou realmente há uma subutilização e o problema está na gerência, ou esse jovens se cobram demais e isso só é agravado pelo fator econômico (de fato, precisam de mais dinheiro).
O grupo sem tempo
Em média, um brasileiro gasta 43 anos da sua vida com obrigações e trabalho, segundo o Instituto Ipsos, com base na pesquisa solicitada pelo Nubank (Exame, 2024). Em outras palavras, restam cerca de 15 anos para “tempo livre”. Nesse tempo de descanso que resta, a pesquisa ressalta que os brasileiros não priorizam o autocuidado e o bem-estar, ocupando 12% do tempo em telas. É, mais de 7 anos dedicados ao celular e computador. Parece muito? Porque é.
O grupo que sofre no domingo
O ecossistema GPTW - Great Place to Work - realizou uma pesquisa que afirma que mais de 50% dos brasileiros sentem que o trabalho impacta negativamente em outras áreas da vida, principalmente, na saúde mental. Não para por aí, afeta também a saúde física (41,9%), a qualidade de sono (36,8%) e as relações familiares (28,3%). Esses problemas aliados à falta de flexibilidade no modelo de trabalho, má gestão e características da CLT trazem a “tristeza de domingo”. Alguns desses profissionais passam pela demissão silenciosa - origem do termo quiet quitting - outros, apenas ficam, mas insatisfeitos com seus empregos - caso conhecido como resenteeism.
O grupo que se sente culpado
Em 2023, surgiu a pesquisa norte-americana da Pew Research Center afirmando que 62% dos 6 mil profissionais estadunidenses entrevistados dispensavam o tempo livre para trabalhar (BBC News Brasil, 2023). Eles sabiam da importância de descansar, mas tiravam menos tempo do que o permitido pelos seus empregadores. A situação só se agrava quando se tratam de pessoas autônomas. Conforme publicado no site oficial BBC, quem trabalha para si é seu próprio patrão sim, mas pode ser um patrão terrível. O que só aumenta o alerta sobre a autocobrança excessiva que muitos têm sentido. Hoje, de acordo com a Associação Nacional de Medicina no Trabalho (ANMT), cerca de 30% dos profissionais brasileiros têm a síndrome de burnout.
O Brasileiro passa cerca de 9 horas diárias nas redes sociais, sendo o segundo país do mundo com mais “engajamento” online.
Relatório We Are Social e Meltwater, 2024 - Poder 360°.
Descanso x dopamina
É bem provável que você tenha se identificado com todos os grupos. Pode também ter se identificado com as 9 horas diárias de uso do celular (ou mais). Porque a verdade é que tudo está mesmo interligado, não são grupos diferentes. São as mesmas pessoas. Elas sentem que precisam trabalhar mais, ao mesmo tempo que estão insatisfeitos com o trabalho, não descansam de verdade, não têm saúde mental e estão completamente viciadas em dopamina. A solução mais rápida é dizer que precisamos urgentemente de pausas!
A pausa no trabalho, por exemplo, ajuda na concentração e produtividade. Por outro lado, não fazê-la, ou fazê-la em uma situação que continua consumindo o cérebro ao máximo (uso de telas), pode gerar sobrecarga na mente - Pontotel, 2025. Ao longo do tempo, você nem trabalha como gostaria nem aproveita os 15 anos de “tempo livre”. Em outras palavras, o foco do problema discutido até aqui é o excesso da dopamina. Esse é um dos maiores motivos pelo qual você se sente muito improdutivo e é o mesmo motivo pelo qual você deveria - de verdade - ser mais improdutivo.
A overdose de dopamina não é só relacionada ao uso desenfreado das redes sociais, mas como “finalistas” em uso de telas, podemos considerar que esse é um problema da nação. O Scroll infinito só agrava o seu vício em sentir prazer momentâneo. Isso não prejudica só o seu trabalho. Traz insônia, transtornos de humor, dores de cabeça, problemas de vista, dores na coluna, ansiedade e por aí vai. Como se não bastasse, quando o seu cérebro se acostuma com o excesso de dopamina e tem a sensação do prazer muito fácil (com like), ele não se contenta mais com a falta da substância, sobrecarregando os receptores e prejudicando que você sinta prazer em outras situações. Aí que você não consegue sentir prazer na improdutividade mesmo (algo tão necessário).
A desintoxicação de dopamina
A desintoxicação da dopamina surgiu como tendência e pode até parecer muito radical para alguns, embora tenha se mostrado como solução eficaz. Mas antes de falar sobre ela, precisamos confessar: a dopamina é boa. O problema é quando o nível é elevado. Você precisa continuar tendo dopamina, só que deve parar de encurtar o caminho até a ela. Veja outras situações que liberam dopamina, mas são saudáveis:
Atividades físicas.
Interação social.
Aprendizados e desafios.
Atividades criativas.
Cuidados com o corpo.
O equilíbrio de dopamina é essencial porque regula funções do nosso corpo e promove motivação, prazer e bem-estar sem dependência química. Tudo melhora quando entendemos que a nossa mente não precisa estar sempre ativa. Quando diminuímos a dopamina, nosso cérebro consegue ativar a Rede de Modo Padrão, descansando e, enquanto descansa, consolida a memória, traz criatividade, ajuda a processar emoções e permite o descanso do córtex pré-frontal, área responsável por tomada de decisões (você começa a agir menos por impulso). Além de que, deixar a fadiga dopaminérgica faz com que você continue sentindo prazer em tarefas importantes, como encontrar com os amigos, estudar ou até trabalhar.
Funciona como um ciclo do bem: se deixar ser verdadeiramente improdutivo nas horas de descanso, vai te ajudar a ser produtivo de verdade, sentindo mais prazer em ambas as situações. Chegamos onde queríamos: topa um desafio Ampla Saúde?
Se você está pronto(a) para viver uma vida saudável, com menos vícios em dopamina, mais descanso e mais produtividade, passe pela desintoxicação junto conosco, com 3 passos simples:
Coloque limite de telas: calcule quanto tempo você gasta para as suas obrigações (incluindo uma boa noite de sono) e quanto tempo livre tem. Faça uma média de quanto pode, de fato, gastar nas redes sociais - seja franco(a) consigo mesmo.
Comece um hobby: mesmo que só aos finais de semana, se desafie a aprender algo novo que seja totalmente offline.
Fale sobre esse assunto com alguém: se você conseguir motivar mais pessoas a participarem desse movimento com você, só vai te inspirar a continuar. Por isso, compartilhe esse blog Ampla e faça mais gente vestir essa camisa!
Nós esperamos, de verdade, que você seja improdutivo da maneira certa, para que possa ser produtivo quando precisa e, sobretudo, para que tenha uma saúde ampla, dentro e fora das obrigações. E se você aprendeu alguma coisa no blog de hoje, nos deixe saber!